Na celebração da data, a fonoaudióloga Marília Macêdo lança luz sobre atrasos no desenvolvimento que podem afetar a capacidade de sorrir
A ciência afirma que o riso é um elixir para a saúde física e mental. Estudos na área atestam que esse gesto de felicidade proporciona benefícios terapêuticos, como a redução do estresse, a diminuição da ansiedade, a melhoria da depressão, o reforço do sistema imunológico e a desaceleração do processo de envelhecimento. O Dia Nacional do Riso, celebrado anualmente no dia 6 de novembro, é uma ocasião especial para celebrar o poder do sorriso e a sofisticada habilidade de imitação e expressão, que desempenham um papel vital no desenvolvimento motor e cerebral.
Por trás do que parece ser um gesto simples, existe um processo complexo de desenvolvimento motor e cerebral. Marília Macêdo, fonoaudióloga da clínica médica Med Advance, destaca que a capacidade de sorrir se desenvolve em paralelo com o crescimento do cérebro e do sistema nervoso das crianças. “Desde bem pequenos, os bebês começam a imitar as expressões faciais dos adultos à sua volta, um processo crucial para o desenvolvimento social e emocional. Esse ato de imitar, incluindo o sorriso, é uma demonstração de uma habilidade cerebral em evolução,” afirma.
Entretanto, é importante reconhecer que o desenvolvimento motor e cerebral pode ser desafiador para algumas crianças. Algumas enfrentam atrasos no desenvolvimento, que podem afetar sua capacidade de sorrir. Esses atrasos podem estar relacionados a uma série de fatores, como condições médicas, genéticas ou ambientais. Crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), por exemplo, às vezes podem ter dificuldades em imitar expressões faciais, incluindo o sorriso, devido às características da condição.
Marília enfatiza que o foco da terapia fonoaudiológica é tornar o sorriso mais natural e apropriado para o contexto em que a criança está inserida. “Algumas crianças com TEA têm dificuldade em discernir quando expressar suas emoções, o que depende do grau, nível e momento de desenvolvimento de cada criança. Cada caso é único e não pode ser generalizado”, destacou.
Alguns casos são ainda mais desafiadores, com crianças que não sorriem. É o caso de Miguel Ferreira, de cinco anos, com TEA moderado. Ele começou a sorrir apenas aos três anos e meio. Sua mãe, Auricélia Ferreira, relata a jornada de Miguel em seu diagnóstico e tratamento. “O Miguel não sorria de forma espontânea. Ele parecia gostar de algo, mas não expressava isso com sorrisos. Era como se ele estivesse indiferente a todas as situações. Após quase três anos de acompanhamento multidisciplinar, ele aprendeu a expressar emoções e sorrir. O primeiro sorriso intencional dele foi emocionante. Qualquer progresso é significativo para famílias que convivem com o autismo, e ver um filho sorrindo de forma espontânea não tem preço”, conta.
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É imperativo que essas crianças recebam o apoio necessário para desenvolver suas habilidades motoras e cerebrais, permitindo-lhes experimentar a alegria do sorriso e a conexão com os outros. Marília enfatiza que algumas crianças com TEA podem rir fora de contexto devido à dificuldade de compreender o momento apropriado para expressar suas emoções.
O trabalho envolve a melhoria das habilidades sociais da criança, permitindo que ela expresse sentimentos de maneira mais adequada. “Todas as crianças, independentemente de sua condição, são únicas, transparentes e seu sorriso aparecerá naturalmente à medida que desenvolvem a capacidade de se expressar”, enfatiza, acrescentando que é importante reconhecer a complexidade e a importância do desenvolvimento motor e cerebral que tornam o sorriso possível. “O sorriso de qualquer criança, incluindo aquelas com TEA, é sempre sincero, puro e transparente.”
Fonte: Estado de Minas (saúde) – 06/11/2023 –https://www.em.com.br/saude/2023/11/6651102-dia-nacional-do-riso-sorrir-pode-ser-um-desafio-para-criancas-autistas-entenda.html